Exibition
Na civilização das águas, uma infinidade de embarcações de transportes fluviais de vários tipos, cores e tamanhos, transportavam pessoas e mercadorias num constante vaivém, dando um colorido e uma energia viva à beira-rio.
Outrora as margens da nossa Baía eram orladas por estaleiros navais artesanais com os seus operários, cujo saber-fazer era fruto de uma aprendizagem secular, transmitida de geração para geração por meio de um arquitetar quotidiano. Foram os artífices na construção e recuperação das embarcações tradicionais de madeira com as suas mãos hábeis e calejadas.
Nos nossos dias, testemunhamos o «ajustamento» dos operários da construção naval à modernização de equipamentos de trabalho, pois onde antes eram utilizadas ferramentas manuais, cuja força motriz era a força do braço do homem, tais como o machado, o martelo, o formão, a broca manual, as plainas, o graminho, a suta, a marreta... hoje utilizam equipamentos mecânicos, como a motosserra, a lixadeira, a broca, o guindaste...
Porém, e apesar da criação de novos e modernos estaleiros de médio e grande porte, com recurso a novas tecnologias, e da modernização dos já existentes, o saber tradicional permanece conservando , «velhos costumes em condições novas ou usando velhos modelos para novos fins».
Há cerca de um ano que Carlos Abreu fotografa e assiste à atividade do estaleiro Navaltagus, de que resultou um expressivo e significativo conjunto de imagens que proporcionam a divulgação da construção e reparação naval junto da cidade, enquanto memória e património a conservar, enquadrando-a na história da construção naval do concelho do Seixal.
O presente projeto conta igualmente com o testemunho do professor Manuel Lima e de Luciana Casanova, uma artesã de embarcações em miniatura cuja família conta com várias gerações associadas aos estaleiros navais.
Joaquim Santos
Presidente da Câmara Municipal do Seixal Dezembro de 2020